[Resenha] do Diário de Bridget Jones de Helen Fielding
A resenha de hoje é de" um clássico" da literatura contemporânea! Vamos conhecê-lo?
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Publicado pela primeira vez em 1996; Pois sim, o Diário de Bridget Jones foi escrito há mais de duas décadas!
O enredo permanece atual, ao mostrar uma mulher, às vésperas de completar trinta anos,que resolve fazer uma lista de suas resoluções de ano-novo!
Bridget transcreve para as páginas do diário os principais acontecimentos de cada mês, tais como sua paixão pelo editor-chefe da revista onde trabalha- Daniel Cleaver-, e as trocas de e-mails maliciosos e sensuais,assim como o primeiro encontro do casal!
Brevemente apresentado na primeira metade do romance,o personagem Mark Darcy- que Bridget conheceu ainda na infância e com quem sua mãe insiste em lhe promover um encontro.
Ao contrário do que se sugere os filmes, Mark nunca chegou a formar com Daniel e a protagonista, um triângulo amoroso de fato.
Apenas ao final desse primeiro volume da Saga de Bridget que ressurge o enigmático Mark Darcy. Livremente inspirado no Sr.Darcy da Obra Orgulho e Preconceito, Mark Darcy provoca uma reviravolta no enredo.
Já viu o filme? Não?
Assista então ao trailer abaixo.( em inglês).
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Algumas Considerações
Os personagens são muito bem construídos.Porém, a narrativa despretensiosa exige do leitor um esforço extra para perceber as características que compõe cada um deles, durante os acontecimentos mencionados ao acaso.
Helen Fielding também deixa a cargo do leitor a busca por dados mais consistentes através das inúmeras digressões de Bridget permeando toda a trama e onde, utilizando-se ponto de vista em primeira pessoa, tece criticas à sociedade londrina da época.
A protagonista, aliás, possui a incrível capacidade de autocritica;Quase como se sua intenção fosse destruir a si mesma com palavras!
Bridget bebe demais,joga( aposta em lotéricas),tem compulsão alimentar.Faz dietas malucas por se achar extremamente gorda pesando (apenas) 59 Kgs.
Recheado de insinuações ferinas e diálogos ácidos, conhecemos os amigos;Entre eles o Tom-um dos melhores amigos da turma com quem ela convive.
Ao escolher esse livro para participar de um projeto de leitura no Facebook,acreditei que encontraria o mesmo estilo Comédia Romântica do filme.
Qual não foi minha surpresa ,porém, ao encontrar muito mais que comédia!
Porém, é mesmo o drama que se esconde nas entrelinhas do romance.Senão,vejamos:
Os pais de Bridget estão em processo de divórcio litigioso. Enquanto o pai parece implodir aos poucos, a mãe dela, ao contrário, resolve desbundar com tudo o que pensa ter direito.
Gemma Jones, insatisfeita com o casamento diz ter se cansado de fazer tudo pelos filhos já adultos- Bridget tem um irmão-e agora quer, simplesmente, viver! Em tese, não há nada demais nisso, não fosse o fato de que ele passa a agir como se fosse uma mulher inconsequente,não parecendo se dar conta em como suas atitudes interferem na vida de todos à sua volta.Em especial na vida de Bridget, para quem se mostrou ser uma mãe narcisista;
A mãe-narcisista de Bridget
O transtorno de mãe narcisista é um quadro real onde a relação mãe e filha fica comprometida por uma atitude constantemente perversa dessa mãe, que age com hostilidade, falta de acolhimento e cuidados enquanto a filha quer pertencer e tentar agradar a todo custo.A mãe narcisista aplica uma disciplina implacável.Ela se preocupa mais com a forma como sua filha é percebida pelos outros do que com a forma como ela se sente, o que ela quer ou quais necessidades apresenta. Dessa forma, começa a anular as emoções de sua filha desde muito cedo através da indiferença ou da crítica.
Essas dinâmicas prejudicam completamente o desenvolvimento da identidade dessas meninas.A baixa autoestima se soma à baixa autoconfiança, impotência e necessidade de contar em quase qualquer aspecto com a aprovação materna.Essa dependência é tanta que, com o passar dos anos, surge também o sentimento de vergonha. Esse sentimento acaba se tornando tóxico, porque em muitos casos as filhas acabam assumindo que não são dignas de serem amadas.
(https://amenteemaravilhosa.com.br/filhas-de-maes-narcisistas/).
Nas situações mais banais a mãe dela não qualifica os desejos nem temores de sua filha.Não existe um momento de "colo", de empatia entre elas.Sempre com um sorriso no rosto, porém,a senhora Jones justifica cada intromissão ou depreciação das conquistas de Bridget como sendo"cuidado" e, da mesma forma, exige empatia para seu próprio comportamento amalucado por sentir uma grande necessidade de recuperar o tempo perdido.
O casamento tumultuado dos pais
Além disso, as diferenças culturais entre Londres e Brasil se mostram muito relevantes para entender certas situações apresentadas.
Enquanto no Brasil, desde a constituição de 1988, o divórcio é legalmente permitido sem que os cônjuges precisem convencer o juiz de uma motivação razoável, no Reino Unido--do qual a Inglaterra faz parte politicamente--, a situação é bem diferente.
A legislação do reino Unido exige que o interessado em se divorciar aponte uma "falha" do companheiro para obter uma decisão imediata favorável (adultério, abandono de lar ou comportamento ruim), como mostra um caso atual envolvendo divórcio negado pela corte.
(https://www.bbc.com/portuguese/geral-44954642)
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A referência literária: Orgulho e Preconceito
Romance da autora Jane Austen, Orgulho e Preconceito foi publicado pela primeira vez em 1813. A trama conta a historia da família Bennet, composta por marido, mulher e cinco filhas (Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia).A história se passa em uma zona rural da Inglaterra durante o início do século XIX.
Elizabeth Bennet, a segunda filha mais velha, será a protagonista da trama.Uma jovem bela, orgulhosa, de personalidade forte e vanguardista para o seu tempo, Lizzie, como é chamada pelos íntimos.
Mr.Darcy, por sua vez, cai de encantos por ela, embora num primeiro momento se recuse a assumir os sentimentos que tinha por saber que a jovem era de origem humilde.
Elizabeth, contudo, acha Mr.Darcy um homem arrogante e o repudia.A relação entre os dois é, portanto, pautada pelo preconceito, pela atração, pela paixão e pela raiva.Um misto de sentimentos completamente discrepantes-- muito semelhante com o que acontece em O Diário de Bridget Jones!
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Envolvente, não foi à toa que O Diário de Bridget Jones tornou-se, por assim dizer, um dos grandes clássicos da literatura contemporânea.
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Gostou? Em breve trarei mais novidades para vocês!
Michelle Louise Paranhos
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