Confira Minha última entrevista para o Festival de Literatura e Artes literárias
Dia 13 de Outubro agora eu dei essa entrevista e compartilho a mesma na íntegra aqui.Muito obrigada!
Apresentamos ENTREVISTA com a escritora Michelle Paranhos
Sou carioca da zona norte do Rio de janeiro, bairro da Tijuca; Sensível e idealista, eu leio para trabalhar-dedico-me intensamente às fases de pesquisa para novos livros- e nos momentos de lazer, leio para me divertir! Ouvir música é outra paixão, desde clássica ao rock.
Trabalhei como professora da rede pública de ensino de Itaguaí- RJ; Atuando como professora-regente de ensino fundamental e pré-escolar, especialista em distúrbios de aprendizagem. E também como professora de música (piano e teclado) – sou formada em nível técnico em piano clássico pela Escola estadual de Música Villa Lobos.
Em 2011 comecei a escrever sem nenhuma pretensão para a página que criei na rede social Facebook em minha página Entrelinhas: Arte,Opinião &poesia.
Em 2014 escrevi meu primeiro romance, Ponto de Ressonância e em 2015 lancei Mulato Velho.
Em 2015 recebi o titulo de cidadão Seropedicense por incentivos culturais no município onde resido e crio meus três filhos.
Participei do Primeiro Festival online de literatura e artes literárias no Facebook em 2015.
Fui indicada para em 2016 receber o troféu Cecília Meireles (categoria escritora) pelo jornal Folha popular –MG e assumir uma cadeira na Academia Luminescência Brasileira- Araraquara-SP. Participei da segunda edição do Festival de Literatura e Artes Literárias em 2016.
Coisas de Lorena, um romance biográfico, foi lançado virtualmente em Maio deste ano e em Outubro será o lançamento físico do livro.
E como projetos futuros: lançamento Virtual do e-book juvenil (em parceria com a autora Milla Souza). O e-book Menina Tempestade será lançado em breve.
E o lançamento em 2017 do meu próximo livro Solo- O romance Tsara, já em processo de escrita.
Sou autora e escritora.
Resenhista e administradora do site Arca Literária (Blog Literário).
Blogueira também em meu blog pessoal Café Literatura.
É sempre um prazer vivenciar a literatura no dia-a-dia!
*****
1-Pris Magalhães pra você, o que qualifica uma obra de qualidade?
R: Antes de classificar uma obra como sendo (ou não) de qualidade, precisamos definir o que é qualidade literária. Sendo assim, vamos entender qualidade enquanto apresentação: capa , diagramação com fontes de tamanho adequado para permitir a leitura para pessoas com dificuldades, papel pólen se possível. Sinopse e texto de orelhas instigantes. No caso de e-books, especialmente a diagramação adequada e boas fontes.
Uma obra de qualidade enquanto conteúdo: mensagem clara, de forma que o leitor consiga captar o que o autor desejou transmitir (independente de concordar ou não).A construção de cenários adequada,perfis de personagens bens trabalhados-todos,se possível e não apenas os personagens principais.A ambientação ,para mim,é fundamental.Sem a ambientação bem feita,a atenção do leitor é facilmente dispersa,afinal,ele pode estar com o livro aberto e ainda assim,não estar concentrado no desenrolar da trama. A trama deve envolver o leitor de tal forma que provoque a imersão no texto, ainda que seja para contestar a ideia transmitida pelo autor!Sim, um livro pode ser interessante porque estava em desacordo com a opinião do leitor e pode produzir o efeito de modificar essa opinião inicial.
2-Marcelo Gomes- Quais foram/Quais são as suas influências na arte de escrever? Hermann Hesse ,Clarice Lispector,Cecília Meirelles,Ligya Bojunga,Ana Maria machado,Pedro Bloch.
3- Luis Amato- Como escritor (a), você prefere dar ênfase na venda de seus livros ou trabalhar a sua imagem?
R:Excelente pergunta.Uma coisa não pode ser mais enfatizada que a outra;na verdade,tanto a imagem quanto a história em si precisam ser trabalhadas de forma concomitante.Inclusive essa ideia de trabalhar a imagem é um fenômeno recente e em desacordo com a visão que muitos tem,ainda,do escritor:alguém recluso,alheio às questões mundanas,criando mundos fantásticos .Porém,essa ideia tem mais relação com a sociedade em mutação do que uma necessidade real do autor;Afinal,não conhecemos Machado de Assis pela ampla exposição de sua imagem e sim pela qualidade inequívoca de sua obra literária!
4-Nell Morato ( Pergunta de Simone Valério): Por que os brasileiros avançam em tecnologia e continuam distantes de se tornarem bons leitores?
R: Justamente porque se criou a ideia de dissociação; A escrita surge como essencial forma de difundir o conhecimento: redes sociais, web em geral- tudo necessita da palavra escrita. Mais uma vez, a dificuldade está em qualificar o que significa obra literária: seriam romances, apenas?Ou poesias com métricas definidas de acordo com padrões? Que padrões seriam esse e quem os estabeleceu? E quem disse que uma tese não poderá trazer reflexão no leitor? Isso depende de quem escreve, e principalmente, de quem lê. Leitor é só aquele que lê romance?
Sirvo-me, enquanto autora e leitora voraz, da leitura de inúmeras teses para ambientar com qualidade meus livros- especialmente meu livro atual, que aborda um tema ímpar em termos de complexidade, por estar envolto em muitos preconceitos e pouquíssima veracidade: os ciganos em território brasileiro na atualidade (meu próximo Livro, Tsara, a ser lançado em 2017, já em fase de conclusão). Alguns deles trazem intensidade e alma de romancistas que me serviram até de inspiração!
5- Luis Amato- Existe um tema que você, com toda certeza, não escreveria? Por quê?
Não mais!( rsrsrs).Na segunda edição do festival eu disse que tinha especial dificuldade de falar de sexo.Então,durante os desafios literários,adivinha qual o tema caiu em sorteio para que eu desenvolvesse? Pois a poesia de um casal que se encontra no motel sabendo que a relação deles não terá continuidade (“Um mundo Inteiro”) foi um dos textos que mais tive orgulho- e porque não dizer, prazer, sem trocadilho!- em escrever.
6-Elizabeth Machado Salles- Você segue alguma rotina pra escrever? Que tipo de personagem você tem preferência? E qual te deu mais trabalho pra desenvolver?
Atualmente tenho uma rotina sim. Especialmente escrevo pela manhã, após deixar minha filha caçula na escola e enquanto tomo meu segundo bule de café, em companhia de meu marido. Acordo bem cedo e faço café no automático... Então, por volta das oito da manhã, é quando tomo o segundo bule de café- sou exagerada mesmo, amo café.
É nessa a hora em que faço dele minha cobaia. Explico: meu marido não gosta de ler-digo, brincando, que nem tudo é perfeito!rs- então ,leio para ele,que odeia que leiam para ele mais do que propriamente de ler.E se ele fica minimamente interessado,imagino que o texto tem alguma qualidade -ele é bem critico,jamais diria ok,senão estivesse ok! Um ponto positivo, afinal! Rsrs.
Quanta à preferência de personagens: minha preferência são personagens densos, redondos, muito bem planejados e que fujam da ideia pueril de que alguns autores ainda têm, de que personagens bem construídos são aqueles que se detalham exclusivamente os perfis físicos, especialmente conquanto às vestimentas, com enredos do tipo :”fulano colocou a blusa azul com a Jens preta e batom rosa “arranca suspiro”-ou qualquer outro nome que seja de batom. Se isso não for fundamental na formação da identidade do personagem,então é desnecessário e deve ser cortado. São os autores mais inexperientes se atém mais a esses detalhes físicos e irrelevantes,independente da idade cronológica que tenham.
Até pouco tempo atrás eu diria a Raquel, minha personagem de Ponto de Ressonância, porque ela é uma personalidade não apenas diferente, e sim conflitante com a minha personalidade. Na verdade, a Raquel me ensinou muito, e muito aprendi e passei a incorporar como atributos a partir da construção dessa personalidade. Tornei-me mais assertiva e descobri que, alguma impulsividade, possa trazer algo bastante interessante.Hoje,a personagem mais difícil eu diria,porém, que é a Mariana de Tsara,por ser uma alta executiva que se depara com suas raízes não –ciganas.Não sou executiva e muito menos cigana, e a fonte de pesquisa está sim,me dando muito trabalho para trazer veracidade à ela.
7-Ricardo Faria - Qual sua opinião a respeito de autores brasileiros usarem nomes estrangeiros (geralmente ingleses) para seus personagens:
R:Não gosto .E,por incrível que pareça,recebi exatamente essa critica!Meu primeiro nome é composto, então eu quase nunca utilizava o nome composto, porque sempre me chamam apenas de Michelle. Mas meu nome realmente é Michelle Louise. Quem acha que eu deveria usar nome estrangeiro, implicou com meu sobrenome (real) Paranhos! E quem achou que eu deveria optar por estrangeirismo no nome, disse que eu deveria retirar Louise e usar abreviaturas algo como M.L.Paranhos. É muita confusão, e nada que eu faça vai agradar a todos. Pois então eu adotei Michelle Louise Paranhos e acabou a discussão!- Minha personagem Raquel ficaria orgulhosa de mim! (risos). Por outro lado, tirando os nomes em tupi-guarani, todos os nomes no Brasil são, em essência, estrangeiros.
8-Paula Lessa - Qual a sequência a ser utilizada na estrutura do seu livro?
R: Creio que um livro sempre deva ter um esqueleto onde configura os perfis de cada personagem e as relações deles com outros personagens (uma árvore de personagens, semelhante à árvore genealógica). Definido isso, cada livro que faço começa com apresentação, prólogo, capítulos, e unidades (se for o caso) e epílogo se eu desejar. Prólogo e epilogo podem ser excluídos, mas meus livros sempre terão porque eu gosto-apenas por questão de gosto pessoal, mesmo. Sequência interna: cada capítulo é feito por suas cenas de ação (onde o pessoas executa alguma ação) e cenas de sequela ( onde reflete sobre aquilo que vivenciou e incorpora isso à sua bagagem e pode e deve ser utilizado esse conhecimento adquirido em cenas subsequentes de ação.
9-Paula Lessa - Qualquer um pode escrever um livro?
Sim, em tese. Todo mundo pode escrever um livro, mas escrever um livro não o torna, necessariamente, um escritor, a recíproca- infelizmente- não é verdadeira. Muitos livros por aí são escritos por pessoas que não são escritores de fato, e escreveram pelos mais variados motivos: modismo, divulgação de carreira- e nesse caso os livros configuram ao lado de botons e canecas, com o mesmo valor de marketing, para cantores e outros artistas. Escritor é aquele que utiliza a palavra escrita como ferramenta, para expressar algo, quase sempre sentimentos ou opiniões sobre algo para que alguém leia- e até para que ninguém leia, apenas pelo prazer de escrever, e isso não o desmerece enquanto escritor.
10-Fabiana Corrêa- Como leitor, qual o seu gênero preferido? Até onde essa preferência influencia em seus trabalhos?
R:Prefiro romances que reúnam algum drama,questões filosóficas e psicologia.Influenciam totalmente!Quem me lê poderá contar em encontrar isso em minhas tramas.
11-Karenina Da Silva- Como vc se organiza para escrever?
Em termos emocionais, eu procuro me isolar internamente, embora eu possa até mesmo conversar enquanto escrevo. Meu foco é muito determinado, então dificilmente eu me perco até mesmo com barulho externo. Eu gosto de escrever no caderno, embora escrever direto no PC traga uma velocidade principalmente na organização que o caderno dificulta conseguir.
12-Neyd Montingelli - A editora faz as capas de seus livros? Ou tem um capista exclusivo?
R:Meu marido é meu ilustrador. Porque ele faz exatamente aquilo que eu desejo e consegue transformar meu pensamento em imagem.Minhas capas são ilustradas por ele também.
13-Neyd Montingelli- Faz seus livros por uma editora ou é escritor independente?
R:Eu me tornei independente.Meus dois primeiros livros forma feitos por editoras.Agora ,optei por outro caminho em minha carreira. Por isso mesmo não procuro por editoras tradicionais... Sou rebelde demais para acolher opiniões de terceiros (srsrs).
14-André Rossi Canals - Como as escolas podem incentivar a leitura dos alunos, como também a escrita?
R:Trazendo para os alunos textos de qualidades desenvolvidos por autores que tenham o cuidado de trabalhar o texto não apenas quanto a linguagem juvenil,mas quanto a forma de pensar,sem ser didático- isso sim, afasta aos jovens.
15-Fernanda França Lima- O que acha do boom da literatura erótica de hoje em dia? Acha que isso é algo passageiro ou o gênero veio com força pra ficar? E quando ele vira modinha?
R:Sexo é uma linguagem universal ,apenas,e deve estar na literatura como uma forma de expressão e de relacionamento (entre pares ou casais,ou não!Isso não é a questão aqui).Não deveria ser tema central de nada,assim como ninguém escreve romances para falar sobre a língua portuguesa!
16-Lair Silva- Escrever é uma paixão?
R: Sim! Eu respiro escrita desde antes saber ler!Quando aprendi a ler, virei escritora, de fato. Autora eu demorei bem mais, só aconteceu na maturidade, aos 42 anos.
17-Uiara Melo Qual é o grau de importância da veracidade de suas histórias?
R:O grau de veracidade em meus livros é um quesito de extrema importância para mim. Ponto de Ressonância é 80% autobiográfico, eu diria. Outros livros possuem um cunho histórico envolvido-como Mulato velho. Meu romance biográfico- Coisas de Lorena -narra histórias e possui ilustrações feitas pela personagem principal, e são histórias reais. Mesmo meu romance absolutamente fictício, como Tsara possui algum grau de veracidade- e nesse caso, muito detalhamento de cenário e mesmo a personalidade sofrem influências de pessoas reais, então, a veracidade é fundamental.
Apresentamos ENTREVISTA com a escritora Michelle Paranhos
Sou carioca da zona norte do Rio de janeiro, bairro da Tijuca; Sensível e idealista, eu leio para trabalhar-dedico-me intensamente às fases de pesquisa para novos livros- e nos momentos de lazer, leio para me divertir! Ouvir música é outra paixão, desde clássica ao rock.
Trabalhei como professora da rede pública de ensino de Itaguaí- RJ; Atuando como professora-regente de ensino fundamental e pré-escolar, especialista em distúrbios de aprendizagem. E também como professora de música (piano e teclado) – sou formada em nível técnico em piano clássico pela Escola estadual de Música Villa Lobos.
Em 2011 comecei a escrever sem nenhuma pretensão para a página que criei na rede social Facebook em minha página Entrelinhas: Arte,Opinião &poesia.
Em 2014 escrevi meu primeiro romance, Ponto de Ressonância e em 2015 lancei Mulato Velho.
Em 2015 recebi o titulo de cidadão Seropedicense por incentivos culturais no município onde resido e crio meus três filhos.
Participei do Primeiro Festival online de literatura e artes literárias no Facebook em 2015.
Fui indicada para em 2016 receber o troféu Cecília Meireles (categoria escritora) pelo jornal Folha popular –MG e assumir uma cadeira na Academia Luminescência Brasileira- Araraquara-SP. Participei da segunda edição do Festival de Literatura e Artes Literárias em 2016.
Coisas de Lorena, um romance biográfico, foi lançado virtualmente em Maio deste ano e em Outubro será o lançamento físico do livro.
E como projetos futuros: lançamento Virtual do e-book juvenil (em parceria com a autora Milla Souza). O e-book Menina Tempestade será lançado em breve.
E o lançamento em 2017 do meu próximo livro Solo- O romance Tsara, já em processo de escrita.
Sou autora e escritora.
Resenhista e administradora do site Arca Literária (Blog Literário).
Blogueira também em meu blog pessoal Café Literatura.
É sempre um prazer vivenciar a literatura no dia-a-dia!
*****
1-Pris Magalhães pra você, o que qualifica uma obra de qualidade?
R: Antes de classificar uma obra como sendo (ou não) de qualidade, precisamos definir o que é qualidade literária. Sendo assim, vamos entender qualidade enquanto apresentação: capa , diagramação com fontes de tamanho adequado para permitir a leitura para pessoas com dificuldades, papel pólen se possível. Sinopse e texto de orelhas instigantes. No caso de e-books, especialmente a diagramação adequada e boas fontes.
Uma obra de qualidade enquanto conteúdo: mensagem clara, de forma que o leitor consiga captar o que o autor desejou transmitir (independente de concordar ou não).A construção de cenários adequada,perfis de personagens bens trabalhados-todos,se possível e não apenas os personagens principais.A ambientação ,para mim,é fundamental.Sem a ambientação bem feita,a atenção do leitor é facilmente dispersa,afinal,ele pode estar com o livro aberto e ainda assim,não estar concentrado no desenrolar da trama. A trama deve envolver o leitor de tal forma que provoque a imersão no texto, ainda que seja para contestar a ideia transmitida pelo autor!Sim, um livro pode ser interessante porque estava em desacordo com a opinião do leitor e pode produzir o efeito de modificar essa opinião inicial.
2-Marcelo Gomes- Quais foram/Quais são as suas influências na arte de escrever? Hermann Hesse ,Clarice Lispector,Cecília Meirelles,Ligya Bojunga,Ana Maria machado,Pedro Bloch.
3- Luis Amato- Como escritor (a), você prefere dar ênfase na venda de seus livros ou trabalhar a sua imagem?
R:Excelente pergunta.Uma coisa não pode ser mais enfatizada que a outra;na verdade,tanto a imagem quanto a história em si precisam ser trabalhadas de forma concomitante.Inclusive essa ideia de trabalhar a imagem é um fenômeno recente e em desacordo com a visão que muitos tem,ainda,do escritor:alguém recluso,alheio às questões mundanas,criando mundos fantásticos .Porém,essa ideia tem mais relação com a sociedade em mutação do que uma necessidade real do autor;Afinal,não conhecemos Machado de Assis pela ampla exposição de sua imagem e sim pela qualidade inequívoca de sua obra literária!
4-Nell Morato ( Pergunta de Simone Valério): Por que os brasileiros avançam em tecnologia e continuam distantes de se tornarem bons leitores?
R: Justamente porque se criou a ideia de dissociação; A escrita surge como essencial forma de difundir o conhecimento: redes sociais, web em geral- tudo necessita da palavra escrita. Mais uma vez, a dificuldade está em qualificar o que significa obra literária: seriam romances, apenas?Ou poesias com métricas definidas de acordo com padrões? Que padrões seriam esse e quem os estabeleceu? E quem disse que uma tese não poderá trazer reflexão no leitor? Isso depende de quem escreve, e principalmente, de quem lê. Leitor é só aquele que lê romance?
Sirvo-me, enquanto autora e leitora voraz, da leitura de inúmeras teses para ambientar com qualidade meus livros- especialmente meu livro atual, que aborda um tema ímpar em termos de complexidade, por estar envolto em muitos preconceitos e pouquíssima veracidade: os ciganos em território brasileiro na atualidade (meu próximo Livro, Tsara, a ser lançado em 2017, já em fase de conclusão). Alguns deles trazem intensidade e alma de romancistas que me serviram até de inspiração!
5- Luis Amato- Existe um tema que você, com toda certeza, não escreveria? Por quê?
Não mais!( rsrsrs).Na segunda edição do festival eu disse que tinha especial dificuldade de falar de sexo.Então,durante os desafios literários,adivinha qual o tema caiu em sorteio para que eu desenvolvesse? Pois a poesia de um casal que se encontra no motel sabendo que a relação deles não terá continuidade (“Um mundo Inteiro”) foi um dos textos que mais tive orgulho- e porque não dizer, prazer, sem trocadilho!- em escrever.
6-Elizabeth Machado Salles- Você segue alguma rotina pra escrever? Que tipo de personagem você tem preferência? E qual te deu mais trabalho pra desenvolver?
Atualmente tenho uma rotina sim. Especialmente escrevo pela manhã, após deixar minha filha caçula na escola e enquanto tomo meu segundo bule de café, em companhia de meu marido. Acordo bem cedo e faço café no automático... Então, por volta das oito da manhã, é quando tomo o segundo bule de café- sou exagerada mesmo, amo café.
É nessa a hora em que faço dele minha cobaia. Explico: meu marido não gosta de ler-digo, brincando, que nem tudo é perfeito!rs- então ,leio para ele,que odeia que leiam para ele mais do que propriamente de ler.E se ele fica minimamente interessado,imagino que o texto tem alguma qualidade -ele é bem critico,jamais diria ok,senão estivesse ok! Um ponto positivo, afinal! Rsrs.
Quanta à preferência de personagens: minha preferência são personagens densos, redondos, muito bem planejados e que fujam da ideia pueril de que alguns autores ainda têm, de que personagens bem construídos são aqueles que se detalham exclusivamente os perfis físicos, especialmente conquanto às vestimentas, com enredos do tipo :”fulano colocou a blusa azul com a Jens preta e batom rosa “arranca suspiro”-ou qualquer outro nome que seja de batom. Se isso não for fundamental na formação da identidade do personagem,então é desnecessário e deve ser cortado. São os autores mais inexperientes se atém mais a esses detalhes físicos e irrelevantes,independente da idade cronológica que tenham.
Até pouco tempo atrás eu diria a Raquel, minha personagem de Ponto de Ressonância, porque ela é uma personalidade não apenas diferente, e sim conflitante com a minha personalidade. Na verdade, a Raquel me ensinou muito, e muito aprendi e passei a incorporar como atributos a partir da construção dessa personalidade. Tornei-me mais assertiva e descobri que, alguma impulsividade, possa trazer algo bastante interessante.Hoje,a personagem mais difícil eu diria,porém, que é a Mariana de Tsara,por ser uma alta executiva que se depara com suas raízes não –ciganas.Não sou executiva e muito menos cigana, e a fonte de pesquisa está sim,me dando muito trabalho para trazer veracidade à ela.
7-Ricardo Faria - Qual sua opinião a respeito de autores brasileiros usarem nomes estrangeiros (geralmente ingleses) para seus personagens:
R:Não gosto .E,por incrível que pareça,recebi exatamente essa critica!Meu primeiro nome é composto, então eu quase nunca utilizava o nome composto, porque sempre me chamam apenas de Michelle. Mas meu nome realmente é Michelle Louise. Quem acha que eu deveria usar nome estrangeiro, implicou com meu sobrenome (real) Paranhos! E quem achou que eu deveria optar por estrangeirismo no nome, disse que eu deveria retirar Louise e usar abreviaturas algo como M.L.Paranhos. É muita confusão, e nada que eu faça vai agradar a todos. Pois então eu adotei Michelle Louise Paranhos e acabou a discussão!- Minha personagem Raquel ficaria orgulhosa de mim! (risos). Por outro lado, tirando os nomes em tupi-guarani, todos os nomes no Brasil são, em essência, estrangeiros.
8-Paula Lessa - Qual a sequência a ser utilizada na estrutura do seu livro?
R: Creio que um livro sempre deva ter um esqueleto onde configura os perfis de cada personagem e as relações deles com outros personagens (uma árvore de personagens, semelhante à árvore genealógica). Definido isso, cada livro que faço começa com apresentação, prólogo, capítulos, e unidades (se for o caso) e epílogo se eu desejar. Prólogo e epilogo podem ser excluídos, mas meus livros sempre terão porque eu gosto-apenas por questão de gosto pessoal, mesmo. Sequência interna: cada capítulo é feito por suas cenas de ação (onde o pessoas executa alguma ação) e cenas de sequela ( onde reflete sobre aquilo que vivenciou e incorpora isso à sua bagagem e pode e deve ser utilizado esse conhecimento adquirido em cenas subsequentes de ação.
9-Paula Lessa - Qualquer um pode escrever um livro?
Sim, em tese. Todo mundo pode escrever um livro, mas escrever um livro não o torna, necessariamente, um escritor, a recíproca- infelizmente- não é verdadeira. Muitos livros por aí são escritos por pessoas que não são escritores de fato, e escreveram pelos mais variados motivos: modismo, divulgação de carreira- e nesse caso os livros configuram ao lado de botons e canecas, com o mesmo valor de marketing, para cantores e outros artistas. Escritor é aquele que utiliza a palavra escrita como ferramenta, para expressar algo, quase sempre sentimentos ou opiniões sobre algo para que alguém leia- e até para que ninguém leia, apenas pelo prazer de escrever, e isso não o desmerece enquanto escritor.
10-Fabiana Corrêa- Como leitor, qual o seu gênero preferido? Até onde essa preferência influencia em seus trabalhos?
R:Prefiro romances que reúnam algum drama,questões filosóficas e psicologia.Influenciam totalmente!Quem me lê poderá contar em encontrar isso em minhas tramas.
11-Karenina Da Silva- Como vc se organiza para escrever?
Em termos emocionais, eu procuro me isolar internamente, embora eu possa até mesmo conversar enquanto escrevo. Meu foco é muito determinado, então dificilmente eu me perco até mesmo com barulho externo. Eu gosto de escrever no caderno, embora escrever direto no PC traga uma velocidade principalmente na organização que o caderno dificulta conseguir.
12-Neyd Montingelli - A editora faz as capas de seus livros? Ou tem um capista exclusivo?
R:Meu marido é meu ilustrador. Porque ele faz exatamente aquilo que eu desejo e consegue transformar meu pensamento em imagem.Minhas capas são ilustradas por ele também.
13-Neyd Montingelli- Faz seus livros por uma editora ou é escritor independente?
R:Eu me tornei independente.Meus dois primeiros livros forma feitos por editoras.Agora ,optei por outro caminho em minha carreira. Por isso mesmo não procuro por editoras tradicionais... Sou rebelde demais para acolher opiniões de terceiros (srsrs).
14-André Rossi Canals - Como as escolas podem incentivar a leitura dos alunos, como também a escrita?
R:Trazendo para os alunos textos de qualidades desenvolvidos por autores que tenham o cuidado de trabalhar o texto não apenas quanto a linguagem juvenil,mas quanto a forma de pensar,sem ser didático- isso sim, afasta aos jovens.
15-Fernanda França Lima- O que acha do boom da literatura erótica de hoje em dia? Acha que isso é algo passageiro ou o gênero veio com força pra ficar? E quando ele vira modinha?
R:Sexo é uma linguagem universal ,apenas,e deve estar na literatura como uma forma de expressão e de relacionamento (entre pares ou casais,ou não!Isso não é a questão aqui).Não deveria ser tema central de nada,assim como ninguém escreve romances para falar sobre a língua portuguesa!
16-Lair Silva- Escrever é uma paixão?
R: Sim! Eu respiro escrita desde antes saber ler!Quando aprendi a ler, virei escritora, de fato. Autora eu demorei bem mais, só aconteceu na maturidade, aos 42 anos.
17-Uiara Melo Qual é o grau de importância da veracidade de suas histórias?
R:O grau de veracidade em meus livros é um quesito de extrema importância para mim. Ponto de Ressonância é 80% autobiográfico, eu diria. Outros livros possuem um cunho histórico envolvido-como Mulato velho. Meu romance biográfico- Coisas de Lorena -narra histórias e possui ilustrações feitas pela personagem principal, e são histórias reais. Mesmo meu romance absolutamente fictício, como Tsara possui algum grau de veracidade- e nesse caso, muito detalhamento de cenário e mesmo a personalidade sofrem influências de pessoas reais, então, a veracidade é fundamental.
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