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Crônica de Michelle Louise Paranhos
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Em meio a tantos assuntos que lemos e interagimos
diariamente na rede social, pincelei algumas situações tragicômicas que revelam
o senso comum:
“Discutindo o preço do tomate:
Tomate não é fruta. Justificativa
da afirmação contundente: “Eu não aceito isso.“
Aqui entre nós: eu também não. Tomate é fruta e ponto final.
“Comprando Papel higiênico:
Viram a propaganda do papel higiênico?Racista. Propaganda de
papel higiênico não pode usar como
slogan uma frase porque ela foi usada como lema antigo, da década de 60-e que ninguém já
nem lembrava, diga-se de passagem, usado em outro contexto e até em outra
língua” Black is beautiful”,-Porque...né? Isso é racismo.
Aqui entre nós: “Geração
mimimi”. Sem mais.
“Sobre a Terra:
...E a ciência nada sabe sobre a Terra. Se o nome é planeta
é porque o formato do globo é plano.”
Aqui entre nós: É... É melhor deixar pra lá.
“ Noticia do Jornal Nacional:
As pessoas não sabem ler e fazer contas.
Apenas 8% da população brasileira está no nível Proficiente de Alfabetização; isto
é, são capazes de ler e compreender aquilo que leem ”.
Aqui entre nós: Tudo faz sentido agora!
São essas apenas umas
das “grandes sacadas” que revelam o que se passa no entendimento geral.
As pessoas leem as situações nas mais diversas formas possiveis.
A unanimidade é que todos, abosolutamente todos, estão
querendo estar com a razão.
Porém, todas elas
possuem em comum o fato de passarem longe da realidade.
Mas isso nem importa.
E olha que sou chegada numa polêmica, em “pensar fora da
caixa”.
A cada dia, porém
percebo que estamos, todos nós, como
cachorros em torno do próprio rabo (peço desculpa aos cães por isso) ou
discutindo temas sem fim , girando em círculos como a Terra...Ah! É...
Esqueci que agora ela é plana...
Bem dizia os navegantes antigos que havia monstros escondidos
no mar e ao final dele restava o precipício... Talvez tenham razão, por fim.
Uma amiga me chama para conversar no inbox. Minhas lentes
multifocais estão me matando. Estou com enjoo, não cosigo me acostumar- ela
diz.
Então eu penso: é isso que precisamos todos!
Lentes multifocais
que nos permitam ajustar o foco.
Foco!
É isso! Preciso de
lentes multifocais que me permitam vários focos.
E estou nesse front
em rede social, escondida na trincheira para me proteger do tiroteio de
fofocas, tolices, falta de assunto .
Ao mesmo tempo em que luto para nadar com tímidas braçadas
em meio ao Mar de Monstros, desejando (como todo autor independente) ser lida e
reconhecida.
Estou olhando o mundo por detrás dessa trincheira virtual,munida
apenas com binóculos de sonhos.
Os Binóculos dos Sonhos me aproximam de coisas distantes demais para mim,
tornando-as aparentemente mais perto do que estão, de fato.E, ao mesmo tempo,
me obrigam a ver o mundo numa só direção.
Então me dou conta
que cada um está em sua própria trincheira virtual nessa guerra fria, a ter que
perceber sozinho, virando o rosto e os seus binóculos de sonhos acoplado, para conseguir enxergar ponto por ponto para
que eu - e cada um de nós- possa obter uma
ideia aproximada do que há no entorno.
Mas quem quer olhar para o lado e tentar enxergar a perspectiva do outro?
Mas quem quer olhar para o lado e tentar enxergar a perspectiva do outro?
Noticias do front:
Preciso abandonar os binóculos de Sonhos e ver o mundo a partir de meus próprios olhos,minha propria opinião, minha voz.
Preciso abandonar os binóculos de Sonhos e ver o mundo a partir de meus próprios olhos,minha propria opinião, minha voz.
Quando a rede social se transforma em guerra de egos
inflados, só resta a nós nos entricheirar e olhar de longe através de binóculos
dos sonhos que nos garanta uma distância segura no front.
Câmbio.
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