Missão: Mandaleira!

 

Faz algum tempo já que tenho escrito apenas resenhas aqui no Blog. 

Entretanto, a arte não está presente no nome desse blog por caso! 

Quando escolhi o nome Entrelinhas: Arte, Opinião & Poesia fiquei muito tempo imaginando quem seria esse novo eu que estava surgindo nas "Entrelinhas." Era uma fase de fechamento de um ciclo: havia deixado recentemente a profissão de professora, profissão esta que eu tanto amava e a que me dediquei por mais de uma década;  Todo ciclo que se fecha também marca o começo de um novo! Assim, um novo período se iniciava e eu não tinha a menor ideia para onde a vida ira me levar.... Já tiveram essa sensação?

Foi quando a arte literária surgiu na minha vida, e eu queria que em minha literatura tivesse sempre presente a minha opinião, sobre os mais diversos assuntos;quem me conhece sabe que se não conheço algo eu me aprofundo nas pesquisas sem medo, em busca de todos os lados de uma questão, mas sempre com aquele toque poético, porque a vida é linda e repleta de poesia não é mesmo?👀 

Embora não escreva poesia, sei que ela está nas entrelinhas de toda manifestação artística. A prosa poética, inclusive, é um estilo literário onde a estética e o ritmo, assim como emoções estão presentes, sem seguir versos ou estrofes típicos da poesia, pois é ainda prosa!

Sempre fui apaixonada por leitura e a escrita surgiu como um bálsamo natural nessa nova fase.Mas, se o primeiro livro -Ponto de Ressonância- trouxe um tanto de viés autobiográfico em suas páginas, ainda que de forma romanceada, foi com Tsara-Ir ao fim do mundo e depois voltar que comecei a delinear o meu perfil de autora, ao escrever minha primeira ficção em Realismo Mágico, hoje meu estilo literário preferido.

Para quem chegou aqui no Blog por agora e/ou ainda não conhece o enredo do livro, um breve resumo:

Quote de Tsara 

Tsara conta a trajetória mistico/espiritual de Mariana, uma executiva de turismo de eventos da Grande São Paulo. Enquanto ela e sua mãe fugiam do pai/marido violento, sofrem um acidente de carro. A mãe é uma vítima fatal e a menina  e se vê sozinha no mundo . O médico que atendeu a ambas na emergência se condoeu da situação e acolhe a menina, de apenas seis anos de idade, como sua filha.

O tempo passa. Mariana cresceu longe de suas origens e  parece ter se esquecido daquele passado, quando era a filha de um político em acensão e de uma cigana, que  deixara o seu clã para viver com um gadjin, ou um não cigano.. Agora, Mariana traz a marca do ceticismo e, para ela,  destino é algo que  ela quem faz acontecer ,e nenhuma força místicas ou uma força superior pode alterá-lo. Até que um dia o passado retoma com força,  obrigando Mariana a escolher um caminho : ou  esse mundo que ela conhece e onde corre risco de vida, e o universo cigano que sua mãe deixara para trás, um mundo sedutor e desconhecido.

O quote abaixo traz a cena quando Mariana se refugia na praia de Saquarema, no Rio de Janeiro, e se depara com um estabelecimento, o Ponto Zen:

 "Duas redes convidavam ao descanso nas laterais da varanda. Presos ao madeiramento do telhado, um apanhador de sonhos se destacava, recepcionando aos clientes, especialmente aquele que deitasse logo abaixo dele, na rede colocada ali, como convidando a um relaxamento complementar após as terapias.

 Mariana ficou olhando para ele fixamente, observando-o girar em círculos, impulsionado pelo vento, quando ouviu o tilintar do Sino dos Ventos preso no batente da porta de entrada, saudando alegremente a quem entrasse por ela... Ou saísse.

 — Boa tarde. Meu nome é Iranaí — a proprietária a saudou.Observando a atenção fixa de Mariana, explicou para a visitante— Esse Apanhador de Sonhos fui eu mesma quem fez há alguns anos e me acompanha desde então. Protegia a sede do Ponto Zen em Alto de Goiás. Trouxe-o comigo quando vim para cá, montar minha filial e aqui me instalei.

— Um bonito adorno para o ambiente, sem dúvida.

— Não é um adorno, é um instrumento. Está sob a rede, para apanhar os bons sonhos que ainda estejam pelo ar. Os sonhos maus ficam presos na teia e se dissipam com o sol.

A frase produziu o efeito esperado e conseguiu desviar a atenção da mulher cujos pensamentos conturbados a trouxeram ali.

— Existe uma bonita história em torno desta Mandala. Esta, eu mesma teci com 13 pontos que corresponde a treze Luas e no centro pus um cristal, mas há outras formas de se fazer um Dreamcatcher. O centro da teia é especial e tudo o que é colocado no centro da teia tem um significado muito especial para nosso povo. Contam os antigos que um velho índio, ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI — a aranha — e comunicou-se em linguagem sagrada com ele.A aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de cavalo e as oferendas recebidas.Enquanto tecia, o espírito da aranha falou sobre os ciclos da vida, do nascimento à morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases.

Ela dizia:“Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios”.No final, a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe:

—“No centro está a Teia, que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas ideias, sonhos e visões. Eles vêm de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins. A teia, quando pendurada, se move livremente e consegue pegar sonhos, quando eles ainda estão no ar. Os bons sonhos sabem o caminho e deslizam suavemente pelas penas até alcançar quem está dormindo. Já os ruins ficam presos no círculo até o nascer do sol, e desaparecem com a primeira luz do novo dia”.

Já comentei em outros lugares que a trama inicial desse livro surgiu para mim em um sonho. Nada sabia sobre o universo cigano. Estudei bastante na ocasião, tive o apoio de alguns ciganos inseridos em"nosso mundo" e que, por motivos óbvios, queriam manter sua identidade desconhecida ...é, o preconceito e a intolerância se faze ainda muito presente mesmo nos dias de hoje... Enfim, acredito que esse livro abriu a porta não apenas da ficção como introduziu de forma marcante o misticismo em minha vida literária.

 A mandala surgiu, aqui representada pelo Filtro dos Sonhos, presente em várias culturas ao redor do mundo, também faz parte da cultura cigana, pois os ciganos são conhecidos como a Esponja cultural do mundo.

A Arte Criativa

Ainda em 2015, no anos que iniciei a fase de escrita de Tsara, publicada no ano seguinte, eu e meu marido demos os primeiros passos para a criação de nosso ateliê, a Arte Criativa-Artesanato. A arte mais uma vez entrava em nossas vidas, agora como uma alternativa financeira também. Mais que hobby agora a arte é parte de nossa identidade profissional, tanto a arte literária quanto o artesanato.Ano passado inauguramos uma nova fase, com o nosso ateliê agora sendo um micro empreendimento individual.

Trabalhamos com personagens literários e do universo Geek e medieval.Porém, ainda não tínhamos trazido para o ateliê, as peças místicas, algo que definitivamente "é a minha praia". Então, essa semana,descobri um curso para aprender a fazer mandalas e já comecei a me encantar  por Mandalas de lã. 

Mandalas de lã e a missão mandaleira

Por acaso vi o anúncio das aulas gratuitas  na rede social do curso Medite Criando da Talita. 

No ateliê eu auxilio com a pintura de peças- amo pintar- e acabamentos em geral, mas o escultor mesmo é meu marido...Sempre achei que tenho duas mãos esquerdas para modelagem e trabalhos manuais em geral: não sei fazer crochê nem tricô...rsrs Mesmo assim, resolvi arriscar!

Sem grandes pretensões comecei a fazer o curso, quem sabe me ajudava  com o stress- quem de nós não se sente estressado atualmente, nesse período de pandemia ?-, e esse foi o resultado das minhas primeiríssimas tentativas!Sobre o curso, vou deixar um link  para vocês ao final do post.

Ainda aprendendo a manter a linha firme. Esse ponto quadradinho se chama Olho de Deus.

Mais uma aula e outros pontos depois, maior firmeza na execução, nem tensionar demais nem afrouxar a linha...Tecer é mesmo uma arte linda!!!!💚

Filtro dos sonhos que fiz especialmente para esse quote de Tsara, ainda de forma intuitiva, sem a técnica específica para confecção do Filtro dos sonhos. Foi algo assim que imaginei ao criar a entrada de Ponto Zen. É como se minha imaginação tomasse vida...Não é incrível?☺

      Link da Talita e informações sobre curso de  mandalas no perfil dela do Instagram :https://www.instagram.com/meditecriando/

Estilo Literário Realismo Mágico

O surgimento da corrente literária Realismo mágico começou no século XX. Conhecida também como Realismo fantástico e Realismo Maravilhoso, é considerada uma característica da literatura latino-americana. A principal característica é uma fusão o universo mágico à realidade, mostrando elementos irreais ou estranhos como algo habitual ou corriqueiro. Os elementos mágicos aparecem de forma intuitiva ( sem explicação).

Tsara está nessa categoria porque Mariana entra em  espécie de portais onde é transportada ora para "nosso mundo" ora para o clã cigano, dentre outros elementos místicos e/ou sobrenaturais da trama.

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Agora não estranhe se ver por aqui alguns de meus trabalhos ou do ateliê ou das minhas futuras mandalas, porque agora, mais um novo ciclo começa! Sou uma escritora ainda mais completa porque agora, a arte está sendo ampliada para mim:  vem aí Missão Mandaleira!

O que será que o futuro nos reserva?😍

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Michelle Louise Paranhos