[Resenha] O guarda do Museu
O livro O Guarda no Museu é uma obra no gênero Romance contemporâneo com um toque muito interessante de ficção histórica . Ao longo da resenha explico melhor esse toque sutil.
Com 270 páginas, eu comprei essa obra numa" compra às escuras ", através de um projeto que esteve em minha cidade - o projeto itinerante Mais Leitura .
O que quer dizer "com compra às escuras "? Quer dizer que simplesmente não li a sinopse.
Pode soar contraditório mas, justamente eu que sou da área da escrita , gosto muito de ,como leitora, ler assim e ser surpreendida por obras magníficas. E O Guarda no Museu é uma dessas obras que valem a pena ler!
Como nem todo mundo aprecia uma leitura às escuras e é por isso mesmo que se lê resenhas ,então vamos deixar de entremeios e vamos ligo aos finalmentes rsrs.
Conheça agora O GUARDA DO MUSEU DE HOWARD NORMAN.
Publicado originalmente em 1998 foi traduzido e publicado aqui no Brasil em 2001 e muitas outras edições após essa se seguiram.
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Sinopse
Na pacata cidade canadense de Halifax, Imogen Linny, desencantada da sua vida monótona, fica obcecada com a imagem de uma mulher em um quadro de um artista holandês contemporâneo e, gradualmente, passa a se imaginar ser aquela mulher.
O guarda de Glace Museum , De Foe Russet apaixona-se por Imogen, mas as emoções da jovem estão voltadas para o Judia numa rua de Amsterdã e para a metamorfose que a arte está processando nela . Um impacto forte o suficiente para fazê-la partir para uma Europa prestes a ser dizimada pela guerra.Requintado retratista da natureza humana, Howard Norman revela em O Guarda do Museu como as vidas simples e harmoniosas das pessoas de uma pequena comunidade podem ser , mesmo à distância, atemorizados pelos ecos dos horrores do Holocausto.
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Enredo
A epígrafe -ou citação de abertura que sintetiza os desejos do autor -, é um pensamento de Virgínia Woolf:
"Vamos desligar o rádio e ouvir o passado" .
Interessante trocadilho que esse pensamento traz ao livro e já explico porquê.
Ao contrário do que sugere a sinopse , o protagonista é De Foe .
O trecho de abertura é contundente e serviu para fisgar minha atenção nessas primeiras palavras :
"O quadro que roubei para Imogen Linny, Judia numa rua de Amsterdã, chegou ao Glace Museum ,aqui em Halifax no dia 5 de Setembro de 1938."
Órfão, De Foe foi criado por seu tio Edward desde os 8 anos , quando num acidente terrível seus pais foram mortos em terra pela queda do Zepellim.
O tio nunca foi um grande exemplo de conduta - jogador ,irresponsável com o emprego de guarda do Museu , tinha alguna sorte com as companheiras , ainda que por variados motivos seus relacionamentos não durassem muito.
Ele já morava no Lorde Nelson Hotel e mais tarde , é lá que o pequeno De Foe também residirá num dos quartos com seu tio e posteriormente, também onde alugará um quarto para morar sozinho.
Uma das companheiras de Edward- Altoon , a camareira -, foi a que se encarregou de levar o pequeno De Foe para o hotel onde estava instalado seu tio e enquanto o mundo de De Foe mudava radicalmente naquele dia 23 de julho de 1921.
Sem que De Foe tivesse consciência disso, a jovem se apiedou dele e inventou que era aniversário dela , e eles tomavam sorvete e comiam bolo de aniversário com velas que a camareira roubara na cozinha do hotel para entreter o menino.
Enquanto isso , todos os funcionários e mesmo hóspedes incluindo aí Edward estavam no local do acidente pavoroso..
Quando o menino cresceu o tio conseguiu uma vaga no Glace Museum para ele .
Ainda que irresponsável, o tio é pródigo em establecer relações e assim o menino tem várias referências ao longos dos anos .
Com Altoon, por exemplo , ele aprendeu a passar roupas e isso virou uma espécie de vício que De Foe executa quando precisa pensar.
Aqui, um aparte . O autor Howard Norman insere detalhes da natureza humana de forma tão sutil que é preciso uma leitura apurada para ler o que não foi dito.
Quando Altoon - ainda no dia da queda do Zepellim -, após a orgia gastronômica resolve ir para o quarto e passar roupas e ainda ensina a De Foe como passar roupas para distraí-lo, o Órfão associa essa situação com a arrumação de seus próprios "pensamentos amassados ". E é assim que De Foe começa a passar roupas sempre que precisa pensar .
E logo em seu primeiro dia no emprego no Hotel , ele se depara com a jardineira do cemitério judeu de Halifaz - a jovem Imogen.
Ele tem uma alteração com ela quando ele a repreende por aproximar-se demais do quadro Judia numa rua de Amsterdã.
Primeiro surge uma amizade e de repente os dois estão envolvidos afetivamente. Ele ama Imogen e é retribuído mas ela traz em si uma tristeza infinita, tal como a jovem do quadro .
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